onde cada instante
verte para o vazio o esquecimento de ter sido
sem esta onda onde no final
corpo e sombra juntos se devoram
que faria sem este silêncio sorvedouro dos murmúrios
que anelam frenéticos por socorro por amor
sem este céu que se ergue
sobre a poeira do seu lastro
sobre a poeira do seu lastro
que faria
faria o que fiz ontem o que fiz hoje
num espaço fantoche
sem voz no meio das vozes
encerradas comigo
1948 poema.de.SamuelBeckettTradManuelPortelainRelâmpago
Fotos1.MaritBeckmann2.caja.SemId3.PauloCésar
/ e porque ando sempre às voltas com este autor, habitante doutros lugares.
poema de ManuelAntónioPina
poema de ManuelAntónioPina
Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ía...
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ía...
in O Pássaro da Cabeça ( livro supostamente infantil :)