30.8.14

reprodução

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reprodução



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deixei de espetar agulhas nos olhos,agora
de atravessar a língua com fios invisíveis
cuidadosamente traçados da periferia do corpo
deixei-me de actos de crueza
encontrar outras formas de respirar longe de pessoas mirradas de ocasos
esmigalhadas no longo trânsito da vida
ridículo apagadamente real
simetricamente indistinto
chocalhos ao pescoço garantiam-me a sua existência
numa gestação ameaçadora de grude larvar
olhar com pasmo aquele não perceber nada
como algo muito próximo por exemplo uma perna, um pé
também ser assim estava por inteiro, ampla e simpaticamente ao meu alcance
não sendo nada daquilo que alguma vez era
reaprendia a respirar francamente bem
remexidos por dentro os sonhos talhados na textura e no cheiro
a roupa húmida
acordava da água lunar azul violeta turquesa
da água arrefecida profunda verde lunar
âncoras de um longuíssimo esquecimento
coisas simples claras de açúcar e limão

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