30.8.14


























tudo se me desliza para a ternura dos pêssegos

a resvalarem na boca

tudo se me encaminha nesta tarde envidraçada

de gestos elementares

aqueles que dentro da sombra

vaticinam viagens
. por aqui

na direcção deste desejo de palavras amendoadas

a questionar a laringe

a invocar-te amarelos em telas de pele

a braços com agulhas cordas tubos frascos












. e ali


- ? de onde então te acorda uma criança espantada

- ? de onde se ouvem rosas de clandestina roupagem

açucenas filiformes longas folhas verdes braços

de acesas vozes e cantos murmurados





e porém porque tudo

porque tudo é quase nada e tão aqui tão só

me dirijo à boca incrédula dos pêssegos

numa surda ternura num primitivo gesto

nesta tarde onde te toco sem palavras

e onde o branco na parede se me inscreve apenas dó





de joséTolentinoMendonça



Deixa-me dar-te o verão


O verão é feito de coisas

que não precisam de nome

um passeio de automóvel pela costa

o tempo incalculável de uma presença

o sofrimento que nos faz contar

um por um os peixes do tanque

e abandoná-los depressa

às suas voltas escuras





/ e agora foi...o verão...fotos1faceAO.2mysticRiverMarvinHilpert.3nuitEnNoirMattiasDorsgh