30.8.14




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O INSACIÁVEL




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Insaciável a dar - algumas vezes até coisas

que não lhe pertenciam, - como aquela montanha, por exemplo,

cor de malva no crepúsculo, com árvores de esmeralda, gravada

em vapores doirados; ou a sombra da andorinha nas espigas,

ou a forquilha caída, à noite, frente à cancela do jardim,

ou cabelos da bela mulher no acto de dizer "não".



Quanto às suas coisas - quais suas coisas? não ficava com nenhuma;

Mantinha-se do que dava. E quando, alguma vez,

já nada tinha, cerrava os olhos, esperando

inventar algo muito maior do que ele próprio, e dá-lo.

Precisamente então, sentia que ele era aquele.










TESTAMENTO



disse: creio na poesia, no amor, na morte.

e por isso mesmo creio na imortalidade. Escrevo um verso.

escrevo o mundo; existo; existe o mundo.

Da ponta do meu dedo mínimo corre um rio.

O céu é sete vezes azul. Esta pureza

é de novo a primeira verdade, a minha última vontade.






























.margarida disse.

POST SCRIPTUM



Estou mesmo a precisar

de uma injecção



de essência de rosas




JorgeSousaBraga Bagas.de.Pólen





~ Yannis Ritsos ~ nasce em1909, Monemvasia e morre em 1990, Atenas.

. poeta de leitura proibida, em diferentes momentos, no seu país.


. foto1DianaM2.3AlbertoVianadAlmeida.traduçãoSemId.




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